Pedagogia e Tecnologia

MINHA MESA DE ESTUDOS

29 março 2015

Sou Mãe e Pai

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“Estou desempregada, de novo e há muito tempo, demasiado tempo."

Nunca pensei chegar a este ponto, mas não sei mais o que fazer. Parece que a vida se zangou comigo e agora faz tudo para me roubar a alegria e a esperança, que por mais que a tente segurar, me vai escapando a cada não que ouço.

Depois que o Pedro me deixou sozinha com o Tomás, sinto um mundo inteiro em cima de mim, e é pesado, muito pesado. Deixei de ser mulher para tentar ser a melhor mãe, mas sinto fracassar todos os dias.

O Tomás tem oito anos e não tem culpa dos erros dos pais. O Tomás tem oito anos e não tem culpa de ter nascido neste país. O Tomás tem oito anos e tem o direito de ser feliz. O Tomás é o meu filho e é o filho que sempre quis. Tem apenas oito anos e não sabe ele que é a força de viver de uma mulher que luta todos os dias para lhe dar uma vida melhor, que é a motivação de uma mãe para se levantar a cada rasteira que a vida lhe prega. Não sabe ele que tem sido a minha esperança e a minha luz, na noite que são os meus dias.
Abençoada ingenuidade que me tem ajudado a protegê-lo.

Tive de o tirar do futebol, não tinha como pagar a mensalidade. Deixei de poder vê-lo sorrir enquanto me acenava para a bancada depois de um golo. Deixei de ouvir os seus relatos entusiasmados das jogadas que fazia, quando regressava dos treinos. Deixei de ver a pequena camisola dez a secar no estendal e os sonhos que aquele pedaço de pano carregava. Todas estas pequenas coisas cortam-me o coração pela falta que eu sei que lhe fazem e pelo sentimento de culpa e incapacidade que me cravam na alma.

Não aguentei as lágrimas quando me perguntou: porquê, mãe? E eu não consegui responder-lhe.

Chorei só, e ele abraçou-me. Naquele momento era como se tivéssemos invertido os papéis de mãe e filho.
Nunca mais me voltou a perguntar porquê, e ficou calmo.

Sinto que no fundo ele sabia exatamente o que se passava, e aceitava-o… melhor que eu. Ele é que é o meu herói.

Mas o futebol foi apenas a primeira de muitas coisas, até que um dia o Tomás foi ao frigorífico e não havia mais os iogurtes que ele tanto gostava. E no armário, os únicos cereais que havia eram os mais baratos, e até o sumo… passou a ser apenas água com limão.

Preparava-lhe todos os dias o melhor pequeno-almoço que conseguia, colocava-lhe tudo pronto na mesa e encostava-me ao balcão a olhá-lo, só.

De vez em quando perguntava-me porque não me sentava com ele a comer, e eu dizia-lhe apenas que não tinha fome… mas não era isso. Numa dessas vezes fez uma pausa nos cereais, foi à gaveta dos talheres, entregou-me uma colher e perguntou: dividimos? Senta-mo-nos os dois em silêncio, naquela manhã, enquanto não chegava a hora de ele ir para a escola, e eu só me apercebi que estava a chorar quando uma lágrima me caiu sobre a mão.


Traumas Infantís: danos por toda a vida adulta

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Crianças que apanharam, passaram fome ou foram abandonadas têm uma tendência a sofrer traumas emocionais tão severos que podem afetar o crescimento de seus corpos e cérebros.

Esses traumas, se não tratados corretamente, causam problemas de saúde perenes. Um tratamento específico para essas aflições nem sempre é realizado, deixando essas crianças vulneráveis a diagnósticos errados de doença mental ou de hiperatividade quando, na realidade, estão demonstrando estresse pós-traumático.

Como resultado, essas crianças são mais propensas a desenvolver depressão a longo prazo e até doenças do coração ou câncer. Algumas recebem drogas de que nem sempre precisam. “O que emergiu dos últimos 15 anos de pesquisas científicas é que, quando se negligencia o abuso a uma criança, isso realmente muda sua organização cerebral”, afirma o coordenador do programa de apoio a crianças sob risco do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos
Estados Unidos, Bryan Samuels.

O mecanismo tem muito a ver com os níveis de hormônio, que podem subir perigosamente durante o abuso. Altos níveis de cortisol, por exemplo, afetam o controle dos impulsos e a memória. Um estresse elevado também pode prejudicar o córtex pré-frontal, região do cérebro que regula o foco, o autocontrole e a tomada de decisões. Esses níveis podem permanecer altos mesmo depois que as vítimas são removidas das situações que lhes fazem mal.

Isso significa que tratar essas crianças frequentemente requer mais do que colocá-las em um ambiente estável. Os médicos precisam avaliar seu desenvolvimento físico, enquanto conselheiros revisam os padrões e a severidade do abuso sofrido para desenvolver uma combinação a longo prazo de cuidados médicos e psicológicos. Em vez disso, muitas são tratadas como “crianças más”.

Quanto mais complexo o abuso, mais provável é que o impacto negativo siga a criança até a vida adulta, de acordo com um estudo do Kaiser Permanente e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

A situação se complica ainda mais porque o ciclo do abuso é difícil de ser quebrado. As estatísticas mostram que quase um terço das vítimas abusará de seus próprios filhos.


Por: CHRISTOPHER N. OSHER, JENNIFER BROWN E KAREN AUGE
Fonte: THE NEW YORK TIMES
Tradução: Raquel Sodré

Entendendo o Autismo

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O Autismo ou Transtorno Autista, é classificado pelo DSM-V (Manual de Saúde Mental) dentro de um diagnóstico chamado TEA (Transtornos do Espectro Autista), que inclui também outros transtornos, como o Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno Generalizado do Desenvolvimento Não-Especificado (PDD-NOS) e Síndrome de Asperger.

Mas o que vem a ser o TEA? - Trata-se de uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento cerebral que ocorrem antes, durante ou logo após o nascimento. As principais características são a dificuldade na comunicação e interação social e os comportamentos repetitivos (estereotipados). Estas características estão presentes em todas as pessoas com TEA, mas o grau de intensidade é diferente em cada indivíduo.

Ou seja, estas características podem estar presentes desde o nascimento e serem muito óbvias ou podem ser sutis e se tornarem mais evidentes ao longo do desenvolvimento.

O Autismo é uma condição permanente na vida de uma pessoa, ou seja, ela nasce com autismo e se torna um adulto com autismo.

Em relação ao desenvolvimento intelectual, alguns casos de TEA podem apresentar dificuldades na coordenação motora e atenção, podem estar relacionados também com condições como a Síndrome de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a dislexia ou a dispraxia e pode ser que durante a adolescência desenvolvam ansiedade e/ou depressão, o que também não é regra em todos os casos. Como também não serão regras as dificuldades na aprendizagem de atividades escolares e da vida diária. Algumas pessoas com TEA podem apresentar tais dificuldades em maior ou menor grau, ou simplesmente não apresentar. Assim como as sensibilidades sensoriais (como audição, visão, tato, paladar, olfato); Alguns autistas podem apresentar, por exemplo, uma sensibilidade diferente em relação a determinado som, estímulo visual, entre outros.

Há um mito em torno das pessoas com Autismo no que diz respeito à afetividade. Como há um comprometimento da comunicação e interação social, as pessoas com TEA podem ser vistas como pessoas com dificuldades de estabelecer vínculos afetivos. O que ocorre em muitos casos é que para o autista pode haver uma maneira “diferente” de se demonstrar essa afetividade. “Diferente” porque muitas vezes não é a forma como esperamos ou estamos habituados, mas o autista tem sim esta capacidade afetiva.

Causas do Autismo ou TEA:

“O autismo não é um transtorno com uma causa, mas um grupo de transtornos relacionados com muitas causas diferentes” – Autismo: Manual para as Famílias – Autism Speaks

As causas que provocam o Autismo ou TEA ainda são desconhecidas. Acredita-se que haja um fator genético, o que ainda não foi totalmente comprovado. Porém, supõe-se também que os fatores ambientais tenham impacto no desenvolvimento da criança ainda durante a gestação, como stress, infecções, exposições a determinadas substâncias químicas, como medicamentos (antes, durante e após o nascimento) e mesmo fatores ambientais experimentados desde muito cedo pelo indivíduo.

Diagnóstico do Autismo ou TEA:

O diagnóstico é feito por um profissional da área de saúde mental, com base na identificação de determinados padrões de comportamento. Quando os sinais de Autismo, ou TEA, são identificados ou diagnosticados (diagnóstico precoce), deve-se iniciar o quanto antes a intervenção para a aquisição dos repertórios de comunicação, socialização, autonomia e motores, que são fundamentais para o desenvolvimento da criança.

– Uma curiosidade que ajuda a desconstruir alguns mitos é que as pessoas com TEA podem se destacar em habilidades visuais, música, arte e matemática.

– Outras curiosidades:

° A maioria dos autistas tem boas habilidades de aprendizado visual.
° Algumas pessoas com autismo são muito atentas aos detalhes e à exatidão.
° Geralmente possuem capacidade de memória muito acima da média.
° É provável que as informações, rotinas ou processos uma vez aprendidos, sejam retidos.
° Algumas pessoas conseguem concentrar-se na sua área de interesse específico durante muito tempo e podem optar por estudar ou trabalhar em áreas afins.
° A paixão pela rotina pode ser fator favorável na execução de um trabalho.
° Indivíduos com autismo são funcionários leais e de confiança.

Fontes: DSM-V (Manual de Saúde Mental)
http://autismoerealidade.org/



É preciso educar os educadores - Edgar Morin

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Imagem por: hallice.com

O Globo: Na sua opinião, como seria o modelo ideal de educação?
Edgar Morin: A figura do professor é determinante para a consolidação de um modelo “ideal” de educação. Através da Internet, os alunos podem ter acesso a todo o tipo de conhecimento sem a presença de um professor. Então eu pergunto, o que faz necessária a presença de um professor? Ele deve ser o regente da orquestra, observar o fluxo desses conhecimentos e elucidar as dúvidas dos alunos. Por exemplo, quando um professor passa uma lição a um aluno, que vai buscar uma resposta na Internet, ele deve posteriormente corrigir os erros cometidos, criticar o conteúdo pesquisado.

É preciso desenvolver o senso crítico dos alunos. O papel do professor precisa passar por uma transformação, já que a criança não aprende apenas com os amigos, a família, a escola. Outro ponto importante: é necessário criar meios de transmissão do conhecimento a serviço da curiosidade dos alunos. O modelo de educação, sobretudo, não pode ignorar a curiosidade das crianças.

O Globo: Quais são os maiores problemas do modelo de ensino atual?
Edgar Morin: O modelo de ensino que foi instituído nos países ocidentais é aquele que separa os conhecimentos artificialmente através das disciplinas. E não é o que vemos na natureza. No caso de animais e vegetais, vamos notar que todos os conhecimentos são interligados. E a escola não ensina o que é o conhecimento, ele é apenas transmitido pelos educadores, o que é um reducionismo. O conhecimento complexo evita o erro, que é cometido, por exemplo, quando um aluno escolhe mal a sua carreira. Por isso eu digo que a educação precisa fornecer subsídios ao ser humano, que precisa lutar contra o erro e a ilusão.

O Globo: O senhor pode explicar melhor esse conceito de conhecimento?
Edgar Morin: Vamos pensar em um conhecimento mais simples, a nossa percepção visual. Eu vejo as pessoas que estão comigo, essa visão é uma percepção da realidade, que é uma tradução de todos os estímulos que chegam à nossa retina. Por que essa visão é uma fotografia? As pessoas que estão longe são pequenas, e vice-versa. E essa visão é reconstruída de forma a reconhecermos essa alteração da realidade, já que todas as pessoas apresentam um tamanho similar.

Todo conhecimento é uma tradução, que é seguido de uma reconstrução, e ambos os processos oferecem o risco do erro. Existe outro ponto vital que não é abordado pelo ensino: a compreensão humana. O grande problema da humanidade é que todos nós somos idênticos e diferentes, e precisamos lidar com essas duas ideias que não são compatíveis. A crise no ensino surge por conta da ausência dessas matérias que são importantes ao viver. Ensinamos apenas o aluno a ser um indivíduo adaptado à sociedade, mas ele também precisa se adaptar aos fatos e a si mesmo.

O Globo: O que é a transdisciplinaridade, que defende a unidade do conhecimento?
Edgar Morin: As disciplinas fechadas impedem a compreensão dos problemas do mundo. A transdisciplinaridade, na minha opinião, é o que possibilita, através das disciplinas, a transmissão de uma visão de mundo mais complexa. O meu livro “O homem e a morte” é tipicamente transdisciplinar, pois busco entender as diferentes reações humanas diante da morte através dos conhecimentos da pré-história, da psicologia, da religião. Eu precisei fazer uma viagem por todas as doenças sociais e humanas, e recorri aos saberes de áreas do conhecimento, como psicanálise e biologia.

O Globo: Como a associação entre a razão e a afetividade pode ser aplicada no sistema educacional?
Edgar Morin: É preciso estabelecer um jogo dialético entre razão e emoção. Descobriu-se que a razão pura não existe. Um matemático precisa ter paixão pela matemática. Não podemos abandonar a razão, o sentimento deve ser submetido a um controle racional. O economista, muitas vezes, só trabalha através do cálculo, que é um complemento cego ao sentimento humano. Ao não levar em consideração as emoções dos seres humanos, um economista opera apenas cálculos cegos. Essa postura explica em boa parte a crise econômica que a Europa está vivendo atualmente.

O Globo: A literatura e as artes deveriam ocupar mais espaço no currículo das escolas? Por quê?
Edgar Morin: Para se conhecer o ser humano, é preciso estudar áreas do conhecimento como as ciências sociais, a biologia, a psicologia. Mas a literatura e as artes também são um meio de conhecimento. Os romances retratam o indivíduo na sociedade, seja por meio de Balzac ou Dostoiévski, e transmitem conhecimentos sobre sentimentos, paixões e contradições humanas. A poesia é também importante, nos ajuda a reconhecer e a viver a qualidade poética da vida. As grandes obras de arte, como a música de Beethoven, desenvolvem em nós um sentimento vital, que é a emoção estética, que nos possibilita reconhecer a beleza, a bondade e a harmonia. Literatura e artes não podem ser tratadas no currículo escolar como conhecimento secundário.

O Globo: Qual a sua opinião sobre o sistema brasileiro de ensino?
Edgar Morin: O Brasil é um país extremamente aberto a minhas ideias pedagógicas. Mas, a revolução do seu sistema educacional vai passar pela reforma na formação dos seus educadores. É preciso educar os educadores. Os professores precisam sair de suas disciplinas para dialogar com outros campos de conhecimento. E essa evolução ainda não aconteceu. O professor possui uma missão social, e tanto a opinião pública como o cidadão precisam ter a consciência dessa missão. [Leia esta entrevista no site do O Globo]


14 março 2015

Crianças Invisíveis - Filme

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O projeto de Crianças Invisíveis foi criado para despertar a atenção para o sofrimento das crianças em situações difíceis por todo o mundo.

A História do Brasil - Documentário

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Série narrada pelo historiador Bóris Fausto e que, por meio de documentos e imagens de arquivo, traça um panorama político, social e econômico do País, desde os tempos coloniais até os dias atuais.

Gravidez na Adolescência - Documentário

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